terça-feira, 15 de junho de 2010

O puxa-saco nas organizações



Diz o adágio popular que quem não puxa-saco, puxa carroça. Adágio, esse, diga-se de passagem, levado à risca por muita gente nas organizações. Mas, até que ponto pode-se manter uma relação cordial, amigável, fiel e respeitável com alguém influente, o diretor da empresa, por exemplo, sem ser taxado pelos colegas de trabalho de "puxa-saco"?
Em primeiro lugar, definamos o que é um puxa-saco. Segundo o "Pai dos Burros", puxa-saco é aquele que adula outrem em demasia. Do ponto de vista organizacional, pode-se afirmar que é aquela pessoa que vive elogiando o seu superior sob qualquer circunstância, ainda que esse o humilhe ou o trate mal. O que importa para o puxa-saco não é "esculhambação" sofrida pelo chefe, mas a certeza que a bajulação excessiva fará com que tire algum proveito pra si, seja uma gorjetinha ou mesmo a garantia no "empreguinho".
Dessa forma, o puxa-saco organizacional, por assim dizer, seria uma pessoa medíocre e provavelmente incompetente para subir na empresa através dos seus próprios méritos, necessitando, então, de usar certos artifícios como: "olha, chefe, vou dá uma saidinha, e se o senhor espirrar enquanto eu estiver fora, desde já lhe desejo saúde!".
Um outro traço característico de um autêntico puxa-saco é falta de vergonha em ser reconhecido como tal. Ou seja, não importa o que os outros falem, o importante é o que o "chefinho" esteja satisfeito com as babações diárias.
Acontece, porém, que é perfeitamente possível construir-se uma relação de confiança e saudável com um superior hierárquico, e até mesmo como o presidente de uma organização, se for o caso, sem, necessariamente, passar pelo constrangimento de ser identificado como um "babão".
Sabemos que as relações interpessoais se dão de várias formas. Uma delas é aquela onde uma determinada pessoa investe na sua capacidade de se relacionar com os colegas de trabalho, de tal forma, que essa relação se torna num importante diferencial que a ajudará subir de cargo na organização.
Ora, se eu consigo me relacionar de forma amigável, ética e profissional com os demais colaboradores da empresa, com certeza não demorará muito para que essa minha habilidade seja notada pelos gerentes ou diretores.
Todavia, somente uma boa relação interpessoal não é suficiente para crescermos profissionalmente e chegarmos a um cargo de nível gerencial na organização. É fundamental que, à capacidade de se relacionar com as pessoas, esteja presente a competência técnica do colaborador. Uma outra questão importante é aproveitar com sabedoria as oportunidades que, embora raras, costumam aparecer. Quer dizer, se houver uma chance onde você possa mostrar os seus serviços ao seu chefe ou aos diretores da empresa, não deixe de fazer bonito, além de se aproximar dos mesmos com o objetivo de ganhar a confiança e simpatia dos mesmos.
Saber aproveitar as oportunidades que aparecem, não tem nada a ver com oportunismo ou "puxa-saquismo". Tem a ver, sim, com demonstração de habilidade profissional, com boa formação, boa comunicação e liderança. Tem a ver, enfim, com o entendimento sábio de que não conseguimos nada na vida de forma isolada e que, vez e outra, precisamos de uma mãozinha de alguém aqui na terra.
Contudo, cabe à área de RH criar mecanismos que possam inibir um determinado colaborador usar da bajulação um meio de garantir um bom cargo na estrutura da organização. Implantação de Planos de Cargos e Carreiras que reforcem o princípio da "meritocracia", onde cada colaborador consegue ascender na hierarquia organizacional segundo os seus próprios méritos é uma excelente forma de evitar que alguém seja premiado por pura habilidade em puxar-saco.
Uma outra questão fundamental que não pode ser ignorada pelos consultores internos de RH, diz respeito ao fato de que o colaborador puxa-saco pode suscitar um clima organizacional 'pesado' entre as diversas equipes de trabalho.
Isso porque não é profícuo, e muito justo, que uma pessoa se sobressaia entre as demais pelo simples fato de manter uma relação bajuladora com o seu superior. Ao perceber que a organização, ao invés de estabelecer critérios minimamente técnicos e administrativos para promover os colaboradores, prefere promover alguém por razões que tem a ver com puxa-saquismo, aqueles que cumprem suas funções de forma digna e competente serão levados à indignação e ao desânimo no desenvolvimento de suas tarefas - isso se não procurarem outro emprego.
Finalmente, há uma larga distância entre ser um "puxa-saco" e ser alguém que sabe cultivar uma boa relação com alguém influente numa organização. Um colaborador inteligente e competente não precisa puxar-saco para ser promovido. Mas vestir a camisa da sua empresa, surpreender o superior com um projeto criativo e inovador, elogiá-lo quando recebe um prêmio importante, não esquecer de datas importantes, como aniversário, dão ao colaborador um complemento valioso às outras habilidades que já domina.

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